Muitas coisas haviam ocorrido nos últimos dias, e pareceria que muitos anos haviam se passado ainda que não fossem mais que algumas poucas semanas desde que Yochanan e Ava haviam contraído suas núpcias.
Naquele dia havia chegado para encontrar seus aposentos habilmente decorados e preparados para uma velada especial digna da posição que agora ocupavam. Mas infelizmente a lua de mel durou pouco pois as obrigações da Coroa são muitas e a vida da Corte agitada.
Ainda assim, Yochanan buscava no pouco tempo que tinha, passar-lo o mais que pudesse junto de sua amada Ava.
Em alguns dias deveria partir para Lamego, a situação havia se tornado insustentável e medidas rígidas teriam que ser tomadas. Começavam tempos difíceis para o monarca Viana, a guerra pareceria ser um fardo que acompanhava aos Viana no trono do Reino. Em tempos de sua irmã Marih, ela trouxe a paz ao findar uma triste guerra civil. Agora em seu reinado, Yochanan se via forçado a começar uma para garantir uma paz futura, por mais débil que pudesse resultar.
Com Ava ao seu lado, ele sabia que quaisquer atribulações seriam vencidas e que a paz seria alcançada pelo povo português ainda que não fosse em seu reinado. Havia muito o que fazer pelo futuro de Portugal, pela sua visão de um Portugal mais unido e fortalecido. Ele esperava que em seu tempo conseguisse ao menos lançar os alicerces deste novo Portugal, o demais, o tempo e a história se encarregariam.
Naquele final de dia ele estava inclinado sobre alguns papeis dispersos em sua escrivaninha. Pela janela, a neve invernal caia branca sobre o negrume da noite. Em seu castiçal um toco de vela queimava alaranjada.
Yochanan levantou-se massageando os olhos cansados tanto pelo esforço como pela idade. Apagou o lume de um único sopro, e apenas as luzes que ainda brilhavam no exterior lançavam uma leve claridade pelas janelas, apenas o suficiente para que o rei encontrasse sua cama e sua esposa. Abraçando-a, ele adormeceu.
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