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[RP privado] O Enigma da Borgonha

Leonardodavinci


Leonardo se sentiu aliviado quando seu plano deu certo. O plano de Hettinger estava agora em perigo, com as carroças em chamas, grande parte do material infectado seria destruído. Apesar disso, sua prima estava certa quanto a determinação de Hettinger. Ele não seria derrotado tão facilmente. A confusão e gritaria tomaram conta dos guardas por alguns momentos, no entanto, se recompuseram rapidamente ao ver Raquel atirando as flechas pelo parapeito da janela.

Algumas setas acertaram a parede externa do quarto, disparadas por bestas. Raquel agarrou o braço de Leonardo e falou:

- Me avistaram, e estão vindo em direção à estalagem. Precisamos sair daqui rapidamente.



O sentimento de urgência logo tomou conta do rapaz, ele colocou a bolsa em torno dos ombros, destrancou a porta e escapou do quarto com Raquel. Os soldados que os acompanhavam já estavam de prontidão e saíram de seus quartos ao mesmo tempo que eles com armas em punho. Eles desceram um lance de escadarias, mas logo perceberam uma balbúrdia se formava no térreo da hospedaria, os homens de Hettinger invadiam o edificio e subiam as escadas em cólera. Não havia outra saída e eles teriam que enfrentar os soldados inimigos para fugir dali. Alguns dos hóspedes, assustados com o barulho e com o fogo que se alastrava no lado de fora, saíam de seus quartos para averiguar o caso e eram atacados e agredidos pelos homens.

- Senhor, o que iremos fazer agora? - perguntou um dos soldados, enquanto eles observavam o movimento do inimigo subindo rápido na direção deles.

Leonardo havia se preparado para uma situação de conflito. Retirou da bolsa, um outro pote de vidro, preenchido com um pó alabastrino. Olhou para baixo, tentando mirar no ponto certo da escadaria.

- Nós vamos descer - respondeu.

Deixou o pote de vidro cair. Quando ele se quebrou em contato com um dos lances de escada abaixo deles, uma névoa branca se expandiu rapidamente por toda a área. Em seguida, foi possível ouvir os gritos agoniantes dos homens de Hettinger. A cal contida no pote, queimava os olhos e as narinas, fazendo com que os inimigos cegados caíssem ou agredissem uns aos outros.

O grupo desceu em seguida, os soldados de Anton abrindo caminho pelos homens desesperados enquanto cobriam as próprias narinas para evitar exposição ao pó que ainda restava no ar. Conseguiram sair da estalagem sem grande resistência, mas aparentemente, Hettinger tinha reforços na área, mais um grupo de soldados que ao se deparar com as carroças em chamas e com um companheiro que gritava e apontava na direção da estalagem, rapidamente detectaram a fonte do desastre.

As janelas das casas ao redor estavam abertas, parte das pessoas, acordadas pela confusão assistiam o desenrolar da situação de seus camarotes improvisados. Outros, alarmados pelo fogo que se espalhava, gritavam pelo socorro dos guardas. Os inimigos começaram a avançar em direção a estalagem, mas Dubois com seus partidários surgiram de uma das ruas, flanqueando o inimigo. A rua ficou cheia de rufiões, uma luta feroz entre os homens de Dubois e de Hettinger. Os soldados que acompanhavam Raquel e Leonardo, partiram ao auxílio dos aliados. Um dos inimigos, montado a cavalo, tentou fugir da ação, seguindo ao longo da rua da estalagem, passando em frente a Leonardo e Raquel.

Leonardo tomou uma das flechas da aljava que estava com Raquel e riscou a ponta na calçada, incendiando a resina. Entregou a flecha a sua prima apontando para o homem a cavalo.

- É um mensageiro, intercepte-o!

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Sir_anton


Assim que Anton e Alícia voltaram a rua,juntaram-se a alguns dos soldados.
Anton os instruiu sobre como proceder,mas achou melhor não mencionar a doença.Não que ele que tivesse dúvidas quanto a profissionalidade ou a coragem de seus homens,mas uma doença letal deixa qualquer homem apreensivo.

Os homens estavam habituados a Anton lhe dizer apenas o estritamente necessário,e se posicionaram conforme o indicado:arcabusiers e besteiros tomaram posição próxima a porta do armazém,se as carroças tentassem sair eles deveriam impedi-las.
Enquanto isto,Anton e mais alguns homens entraram furtivamente em uma estalagem próxima por uma janela e começaram a vasculhar a despensa.

- Conhaque de uva com mel.Delicioso.-disse Alícia após "verificar" o conteúdo de um barril.

- Nunca gostei de bebidas e mel juntos.Mas vai servir ao nosso propósito.

Anton fez um sinal para seus homens e eles logo começaram a carregar os barris de conhaque para fora da taverna.

- Então...E quanto aquela vez em Tonnerre? Eu lembro de você bebendo uma bela quantidade de hidromel.

- A opção era ficar sóbrio em uma festa cheia de franceses.-
Alícia torceu o nariz para Anton.

Anton e Alícia fizeram novamente o caminho pela estalagem até a parte de cima do armazém,eles haviam chegado quase atrasados,os corpos estavam nas carroças e elas estavam prontas para partir.Havia um grupo de guardas junto as carroças,uma escolta.
Alícia e Anton estavam com arcabuzes,eles escolheram seus alvos e se prepararam.

- Então... Arcabuzes? Isto é novidade.

- Eu acredito que seja importante se manter atualizado.

- Você já usou isso em combate?

- Uma vez.Foi...explosivo.

Os guardas foram totalmente surpreendidos pelo som dos disparos,um dele foi ferido no joelho e outro foi morto com um tiro nas costas,os demais olharam perplexos para cima e identificaram os intrusos.

Mas aquela não era a única surpresa para eles aquela noite,com um forte estrondo a porta do armazém se abriu e um grupo de soldados Torre entrou por ela,haviam apenas três guardas restantes e eles foram abatidos rapidamente.

- Parece que sou melhor nisso do que você.-Alícia se gabava do fato de Anton ter acertado o guarda no joelho.

Anton nem a respondeu,ele sinalizou para os soldados Torre que logo abriram os barris de conhaque e começaram a derramar ao redor das carroças e em cima delas.Com uma tocha acenderam o líquido,deixando os planos de infectar o Suzon queimarem.

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Raquel_


- É um mensageiro, intercepte-o!

Raquel pegou a flecha de Leonardo e preparou para atirar. Rapidamente a flecha alcançou as costas do fugitivo, que caiu do cavalo e não mais se moveu. Leonardo puxou Raquel pela mão até alcançar o corpo do mensageiro, e começou a revistá-lo. Abriu sua bolsa e retirou documentos, e com agilidade guardou dentro do seu casaco.

- Vamos sair daqui, prima. Precisamos saber o conteúdo desses documentos.

Os dois saíram correndo e pegaram as vielas próximas para não serem seguidos. Avistaram uma rua com mercadores de rua e se misturaram entre os passantes, alcançando uma rua sem saída que ficava próxima. Entraram na rua, e Leonardo tirou os documentos do casaco para ler com mais cuidado.

- Talvez isto seja mais importante do que nós poderíamos imaginar - cochichou Leonardo.
Leonardodavinci


Leonardo ainda estava ofegante, quando pôde finalmente espiar os documentos roubados.

Ele tirou os papéis amarrotados do bolso, abriu-os e correu os olhos por eles. Havia ali um mapa, com diversos signos espalhados sobre ele. Analisando as localizações, foi capaz de encontrar as duas posições em que identificaram os ataques pelos documentos obtidos na prefeitura, no entanto, havia mais.

- Talvez isso seja mais importante do que pudemos imaginar...


Ele posicionou o mapa de forma que Raquel pudesse ver.

- Observe as marcas feitas no mapa. Indicam determinados pontos do rio Suzon e da cidade - dizia apontando no papel
- São outros pontos de contaminação, para garantir que a doença se espalhe rapidamente e permanentemente....

Ele parou para tomar ar.Olhou o mapa uma segunda vez. Ele se lembrou dos documentos da prefeitura. Talvez não fosse apenas o local que ele buscava em sua memória, havia um detalhe a mais de estranhamento. Ele procurou nos papéis em sua mão novamente, havia entre eles um diagrama de uma ponte. Havia marcações na ponte, assim como ela estava marcada no mapa. Ela não devia ter sido considerada um local de contaminação, pois estava ao extremo norte da cidade, onde o rio já se encaminhava para atravessar as muralhas. Algumas outras marcações eram estranhas, mas Leonardo entendeu rapidamente que um dos locais era o mosteiro onde haviam encontrado LeMahieu.

- É um dique, ele vai usar a ponte como dique. - Ele então explicou - Para Hettinger garantir que o máximo de pessoas seja infectada, ele não pode deixar que o curso natural do rio dificulte a contaminação. Ele vai explodir a ponte e represar o Suzon, atrasando o fluxo do rio. Demorará semanas até que consigam limpar e restaurar o curso natural. Parece também que ele sabia o tempo todo de LeMahieu...Vem comigo!


Leonardo puxou novamente Raquel pelo braço, buscava uma saída daquelas vielas para chegar ao segundo ponto de encontro com Dubois. Eles percorreram as ruas escuras e recobertas de estrume e pedaços de carroças quebradas. Chegaram aos fundos de uma ferraria. Leonardo bateu a porta. O rosto sujo de Dubois apareceu quando a porta se entreabriu.

- Entrem rápido! - Dubois os puxou para dentro.

A ferraria estava servindo de abrigo aos homens de Dubois. Alguns feridos, recebiam o tratamento no chão coberto de palha, os outros, limpavam o sangue de suas espadas.

- Noite agitada, senhor Leonardo.


O rapaz italiano limpou uma das bancadas e depositou os documentos e o mapa sobre ela.

- A noite está apenas começando, Dubois. Você ainda tem os cavalos?

- Claro, estão alocados perto daqui, os guardas tentaram meter a mão neles, mas fugimos antes disso.

- Você tem um mapa de Dijón não é mesmo? Copie as marcações que vê nesse mapa. Mande alguém para localizar Anton, entregue o mapa a ele e reporte o que eu lhe disser.

Leonardo explicou a Dubois e seus homens os pontos alvos indicados pelos documentos e diagramas. Eles precisavam conter os outros pontos de contaminação ao longo do Suzon, salvar LeMahieu e conter a explosão da ponte. Não era possível precisar se tudo podia ser feito em apenas uma noite, mas eles precisavam agir. Dubois parecia contrariado, ele olhava a quantidade de marcações pelo mapa e deixava transparecer sua descrença.

- Pode mesmo ser feito?
- Dubois indagou o jovem italiano. Era a primeira vez que Leonardo vira naquele homem a dúvida. Não uma dúvida acerca do que fazer, uma dúvida muito pior: A dúvida do comando.

- Tem que ser feito. - Respondeu.

Leonardo se voltou para Raquel.

- Está pronta?


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Raquel_


Raquel aguardou o momento de falar, enquanto Dubois e Leonardo falavam. Após uma pausa entre os dois, ela pegou o mapa das mãos de Leonardo e deu início ao seu raciocínio.

- Leo, acredito que o mais importante a fazer agora é evitar a explosão da ponte. A essa hora da noite não deve ter quase ninguém, talvez algum soldado fazendo a ronda para cuidar dos preparativos da explosão.

Prosseguindo, Raquel continuou.

- Devíamos ir com alguns soldados restantes daqui, não devíamos esperar o retorno dos que estavam conosco; Dubois ficaria aqui e daria as ordens para que eles nos encontrassem depois. Chegaríamos na ponte e você desmontaria o esquema deles. Não sei se daria tempo do Anton chegar, então não podemos contar com essa hipótese.

Dubois concordou com a cabeça. Raquel solicitou que preparassem os cavalos, e buscou mais flechas em um quarto do abrigo. Leonardo dava algumas ordens aos soldados escolhidos, enquanto guardava o mapa em seu bolso que Raquel tinha devolvido.

Não demorou muito tempo e o grupo saiu em direção a ponte, que não ficava muito longe dali. As ruas estavam vazias, com pouca iluminação, facilitando a locomoção do grupo. O frio afugentava as pessoas das ruas.
Sir_anton


Um soldado Torre cavalgou noite a dentro por Dijón,até o ponto onde Anton deveria estar.Porém ao chegar lá.contemplou uma visão caótica.Pessoas correndo,cavalos agitados e um enorme armazém em chamas.
O soldado desmontou e entrou no meio da multidão a procura do chefe.De fato,o soldado não encontrou Anton,mas Anton o encontrou.Durante sua busca,a mao de um Torre escondido entre os curiosos tocou seu ombro.e após isto,virou-se e seguiu para longe da multidão sem dizer uma palavra.

- Você deveria estar com Dubois-Disse Anton assim que os dois chegaram a um beco escuro onde os soldados estavam reunidos.

- Sim,senhor,porém surgiram complicações.- O soldado entregou para Anton o mapa marcado e explicou a situação.

Anton parou e observou o mapa por alguns instantes.De repente,foi como se as cortinas do espetáculo se fechassem e a dura realidade viesse à tona. Até agora Anton havia tido sorte,enfrentando inimigos de igual para igual,mas desta vez,a diferença numérica e o tempo de planejamento davam ao inimigo uma superiodade esmagadora.Anton pensou algo que fazia tempo que não pensava: que não iria conseguir.

Outro pensamento que passou pela sua mente era ainda mais pessoal,quando Volpone atacou a Vila Torre,Anton depende de Leonardo,e agora que Hettinger infectava a cidade de sua infância,dependia dele denovo.
-É a segunda vez que preciso de você para proteger minha casa Leonardo,não falhe comigo.-Anton falava como se magicamente Leonardo fosse capaz de ouvir sua palavras do outro lado da cidade.

Anton com o mapa em mãos,definiu três pontos de ação,e os separou entre ele,Hugo e Alícia,cada um teria poucos soldados a disposição.
Após isto entregou o mapa de volta ao soldado:
- Dubois está mais próximo do quarto ponto,volte e o mande para lá.Vá o mais rápido que puder,não poupe o cavalo.

Anton,Hugo e Alícia dividiram entre seus grupos o resto do conhaque,eles não teriam tempo para pensar no que fazer quando chegassem.

- Impedir o rio de ser infectado com uma doença mortal,matar soldados,queimar cadáveres,não faz uma semana que você chegou Anton e já deixou minha vida muito mais complicada.

- Ao menos você sai um pouco dos seus livros e vive a vida real.-Anton fechou o rosto e mudou para um tom mais sério- Mas caso isso seja demais para você Bertrand,pode ir para casa e deixar que nós resolvamos isso.

- Era você quem deveria usar vestido Hugo.-Alícia repreendia o irmão.

- Eu não quis dizer isso Anton,eu...Eu...Que se dane,vamos fazer isso.

Os três grupos se separam e seguiram para seus destinos,enquanto o mensageiro alcançava Dubois.Aquela seria uma longa noite e estava só começando.

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Leonardodavinci


O grupo que seguia em direção a ponte parou a poucas dezenas de metros do local. Leonardo desceu de seu cavalo, observando de longe, a ponte envolta pelo manto negro da penumbra. Era uma ponte simples de pedra, com uma estrutura arqueada, um pavimento principal e uma passarela abaixo, por entre as estuturas de sustentação, que poderia servir para deslocamentos mais discretos.

O rapaz retirou o pequeno diagrama do bolso que continham as indicações de onde depositar a pólvora para derrubar efetivamente a ponte. Era a primeira vez que ele via a pólvora sendo utilizada para detonação sistemática de uma estrutura, ao invés de apenas propelente para canhões e arcabuzes. Era uma ideia genial.

Raquel se juntou ao lado de Leonardo e os dois se esgueiraram pelas ruas em direção a ponte, acompanhados pelos soldados. As ruas estavam desertas, o silêncio tumular era quebrado pela movimentação esporádica de uma carroça nas ruas vicinais. Logo o grupo alcançou uma das extremidades da ponte. Não havia homens de Hettinger por perto, mas isso não acalmara Leonardo, a sensação de tensão parecia subir do abdome até o peito e tornando a respiração mais profunda e os sentidos mais aguçados.

Uma pequena passagem a alguns metros da ponte permitia acessar a passarela que passava abaixo dela. Leonardo conferiu mais uma vez o diagrama.

- Teremos que descer, é lá que a pólvora deve estar depositada. - passou a informação aos soldados que assentiram em resposta. - Preciso de um de vocês aqui em cima, para avisar ao Anton caso algo aconteça comigo ou com Raquel.

O tom fatalista causou nele uma sensação de desconforto e um olhar apreensivo de Raquel. A consciência do perigo de entrar em um corredor cheio de pólvora, era algo que devia se fazer presente. Ele sentiu então, a força de seu propósito.

Descendo por uma escada escorregadia de pedra a margem do rio, eles alcançaram um pequeno pórtico que dava para passarela. Um dos soldados, equivocando-se colocou-se a frente segurando uma tocha, apenas para vê-la ser arrebatada de suas mãos pelo italiano e lançada no rio.

- Sem tochas, por gentileza.

Leonardo acendeu uma pequena lamparina, cujo a chama alimentada por cera de abelha era mais vigorosa do que o comum. O grupo atravessou o pórtico, alcançando o corredor após alguns passos. Naquele túnel, o cheiro pútrido que o Rio Suzon ganhava durante as noites se tornava ligeiramente mais intenso. A sensação de claustrofobia ia se intensificando devido ao odor. Eles chegaram ao primeiro ponto assinalado no diagrama.

Algumas caixas de madeira pareciam empilhadas com certo desleixo, não estavam seladas, grande parte do conteúdo, o pó negro, se espalhava pelo chão. sobre uma das caixas, uma pequena vela, sobre uma fina placa de vidro.

- Intrigante - sussurrou Leonardo, enquanto apagava a vela com a ponta dos dedos. Então, tornou aos soldados - Vamos descarregar essas caixas no rio, pólvora molhada é tão explosiva quanto a areia.

Os homens rapidamente começaram a jogar as caixas no rio. Leonardo, segurando sua lamparina, observava o corredor que parecia desaparecer após o fim do alcance daquela luz. A escuridão era opressiva, parecia ocultar algo, uma sensação de apreensão, tal como alguém diante de um abismo ou de um mar bravio, o rapaz se sentia como diante de uma imensidão e o desejo irracional de atirar-se nela que sempre acompanha tais visões. Perturbado, pela sensação desagradável que se intensificava, ele entregou a lamparina para Raquel e se colocou a ajudar os soldados. Logo, acabando de jogar as caixas ao rio, eles esvaziaram metade de um cantil no chão e continuaram a marcha para encontrar as outras cargas.

Ao chegar ao segundo ponto, eles reiniciaram o processo de eliminar as caixas. A escuridão continuava perturbadora, cercando o grupo por dois lados. Raquel movimentava a lamparina, buscando aproveitar ao máximo o raio de iluminação que ela fornecia.

- O que foi aquilo? - indagou um dos soldados, o dedo em riste apontando para as sombras e retirando a espada de sua bainha.

O grupo se sobressaltou, voltando-se para a escuridão. Alguns segundos de incerteza se seguiram, até que soldados de Hettinger quebraram o silêncio, gritando, surgindo da escuridão como criaturas sobrenaturais. Um deles mirou a espada no peito de Raquel, mas Leonardo, surgindo pelas costas de Raquel, o chutou na coxa, jogando o para trás. A luta no pequeno túnel se intensificou, a lamparina que balançava enquanto Raquel buscava sair do meio do conflito gerou uma alternância entre uma luta no escuro e as claras, tal qual o dia e a noite se revezassem para causar maior dano a um dos lados.

Os soldados dos Torre estavam ainda em vantagem numérica e sobrecarregaram o inimigo rapidamente. Quando Leonardo derrubou um dos homens de Hettinger, viu ao fundo, em meio ao "chiaroscuro" que se intercalavam, a figura macabra de um médico da peste. A estranha figura de negro, com sua máscara aquilina, fitava Leonardo. Um arrepio subiu pela espinha do rapaz e ele se deteve, estático, num momento entre decidir se aquilo que vira era realidade ou ilusão.

Quando o ódio veio, ele decidiu pela realidade.

- Joguem as malditas caixas ao rio! - berrou aos soldados que finalizavam os últimos inimigos.

Leonardo partiu em perseguição a figura, que acabara de desaparecer na escuridão, largando a espada e sacando sua adaga florentina. Ele mergulhou na escuridão, correndo cegamente, movido pela sensação crescente de um ódio irracional que o jogava cada vez mais rápido no abismo. Ele se sentia em uma queda livre até que uma inevitável pancada o arremessou ao solo.

Ele sentiu o ar fugir dos pulmões, mas se ergueu rapidamente, ofegante. Sentia então um odor característico e a respiração pesarosa como se estivessem em uma nuvem de fumaça. Uma lamparina se acendeu, sobre uma das caixas de pólvora, iluminando a figura do médico da peste.

- Vincenzo?


A figura aquilina o observava, cercada de explosivos e imersa numa luz que parecia quase etérea. Leonardo sentiu a cabeça pesar e os músculos perderem rigidez. Parecia estar imerso em um lago, ou melhor, um rio.

- Você não pode estar vivo - o rapaz insistiu. A figura se tornava cada vez mais turbulenta, como se misturasse sua própria matéria a escuridão.

- Olá, pequeno Leo. - respondeu a criatura, sua voz tão negra quanto as sombras daquele túnel - Não imaginava que chegaria tão longe. O que quer aqui?

- Estou aqui por Dijón.

- Você está aqui pelos Torre. Eu venho te observando, Leonardo, suas tentativas de agradar seus falsos familiares jamais lhe trarão frutos. Sua história jamais se desassociará dos Montevani e do ódio deles. Tal como Florença te fez um bastardo, esta cidade não fez diferente com muitos outros. Eu a levarei até um estado melhorado, de volta as origens, distante da perversão pagã.

- Você é louco. - Leonardo respondeu. Embora tivesse a impressão de estar falando sozinho.

O rapaz se deu conta de que fora envenenado. A neblina em torno dele era ópio. Ele se sentia letárgico, incapaz de lutar e seus pensamentos estavam nublados.

A figura falou novamente:

- Porque o Fogo queima todo o sofisma e mentira, deixando apenas a Verdade, e esta é ouro. - sentenciou a criatura.

Leonardo olhou para trás, viu uma luz que balançava, se tornando maior a cada segundo. Ele fitou novamente o médico. O falso rosto aquilino, parecia lhe dirigir um sorriso. O rapaz então, tomado de súbita adrenalina, resistindo como podia aos efeitos do ópio, correu para trás, em direção a luz que se aproximava.

- Raquel! Raquel, não! - gritou Leonardo.

Ele sentia a letargia destruir seu equilibrio, mas corria para a luz amarelada da lamparina. Logo ele viu o rosto de Raquel, assustada por detrás da luz bruxuleante. Ele a agarrou o dorso dela e a empurrou. Tentando retroceder o máximo que pode. Uma explosão se seguiu. Uma grande luz vermelha iluminou a noite escura de Dijón e obliterou as estruturas da Ala Oeste da ponte, arremessando as pedras para todos os lados. Leonardo caiu sobre Raquel, sentindo algumas pedras acertarem suas costas, amparadas apenas nas camadas de couro da veste.

Leonardo se ergueu, olhando para trás, um terço da ponte havia colapsado, o Rio Suzon represado pelas estruturas de pedra, contornava o obstáculo pelo espaço livre dos outros dois terços que sofrivelmente ainda estavam em pé. Sentia que mais tarde teria hematomas espalhados pelas costas, mas estava bem, embora ainda confuso pelo ópio.

Ele ajudou Raquel a se erguer, preocupado, observava o pouco que podia na noite escura a pele dela, procurando ferimentos. Afastou os cabelos dela, tinha a impressão de que ela poderia ter se ferido na cabeça.

- Está tudo bem com você? Está ferida?

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Raquel_


- Está tudo bem com você? Está ferida?

Leonardo inspecionava com as mãos o rosto de Raquel. Afastou os cabelos, e desceu as mãos até os ombros e os braços, verificando se havia algum ferimento. Não demorou muito e Raquel também começou a verificar com as mãos se Leonardo estava ferido, apressadamente e procurando minuciosamente qualquer vestígio de ferimento.

- Não, não estou...eu é que pergunto se está ferido. - Com um misto de apreensão e alerta, Raquel prosseguiu - Mas precisamos sair daqui.

Do ponto onde se encontravam dava para ver o aglomerado de pessoas que formava próximo à ponte parcialmente destruída. Curiosos com lamparinas acesas se misturavam para ver mais de perto o que tinha acontecido, e não havia sinal de mais nenhum soldado do Hettinger por perto.

Raquel olhou ao redor para verificar onde estavam os soldados, e quantos ainda estavam vivos. Ela acenou para Leonardo para que a seguisse, e os dois se aproximaram do grupo que se recompunha para verificar se havia algum ferido entre os vivos. Raquel ordenou que um deles voltasse para o abrigo rapidamente para providenciar a retirada dos soldados mortos. Era tanto pelo cuidado dos que estavam sob seu comando como também para evitar pistas de quem havia prejudicado a explosão da ponte. O soldado tratou de correr para selar o cavalo e saiu em disparada no meio da escuridão.

Após sua inspeção, Raquel acenou para o grupo, e todos começaram a se locomover em direção aos cavalos, se afastando da ponte. Ao longe dava para observar as tochas e lamparinas iluminando a ponte e a aglomeração de pessoas aumentando. Caminhando a passos largos, Raquel começou a falar com Leonardo.

- E agora? O que é prioritário, achar Anton ou seguir os sinais do mapa?
Sir_anton


Alícia Bertrand
Alicía e seu grupo partiram,seu ponto era o mais próximo de todos.Ela cavalgava rápido,sem poupar nem um pouco o cavalo. Ela era uma jovem guerreira,cheia de vida e com uma grande sede de sangue.
Enquanto a maioria dos homens estaria nervoso com aquela situação,Alícia não estava.Ela se divertia.Amava a adrenalina.

Uma carroça vinha pela estrada,acompanhada por cavaleiros,aquela hora da noite,só podiam ser o alvo.

Os arcabusiers assim que possivel atiraram nos guardas,foi um serviço rápido e fácil,para Alícia,um serviço decepcionante.

Enquanto os soldados viravam os barris de bebida sobre a carroça Alícia soltou os cavalos:

- Vão garotos!Corram!Vocês não precisam queimar junto.

Hugo Bertrand
"Matar os guardas,queimar a carroça.Matar os guardar,queimar a carroça.Matar os guardas,queimar a carroça."
Hugo dizia para si mesmo sem parar os dois objetivos.Ele estava nervoso,muito nervoso.Se sua irmã era uma guerreira,Hugo era o oposto.Ele era um homem das letras não das espadas,ele poderia administrar muito bem toda a operação de Anton em Dijón,mas ir pessoalmente combater soldados? Era demais para ele.
Mas o que seria pior,ser morto em ação ou o julgamento de Anton e Alícia? Hugo não podia parecer covarde na frente deles.

- Sr Bertrand?-Um dos soldados Torre chamou a atenção de Hugo enquanto apontava para frente - Parece que nosso alvo está bem ali.

Hugo não pode acreditar no que seus olhos viam.Como se por obra do destino,a carroça com corpos havia sofrido um acidente,uma das rodas estava no meio da estrada,o cocheiro e um dos guardas estavam mortos,sobravam apenas dois guardas que estariam à cavalo,mas haviam desmontado e tentavam consertar a carroça.

- Vamos,pegue a maldita roda,acho que sei o que fazer!

Os dois homens foram surpreendidos por Hugo e seus homens,os soldados apontavam os arcabuzes para eles.

- Larguem suas armas e ninguém precisa morrer.

Um deles,mais determinado,sacou a espada e correu em direçao a Hugo,mas foi neutralizado por um soldado que atirou nele.O outro se rendeu,largando no chão sua espada e sua adaga.
Dois soldados começaram a jogar alcool pela carroça enquanto o outro seguia rendendo o inimigo.

- Tudo pronto senhor!

Hugo pegou uma tocha e largou sobre a carroça,contemplando as chamas terminarem com os planos de Hettinger.

- É melhor nós juntarmos aos outros.

Hugo seguia para seu cavalo quando um soldado o interrompeu:

Senhor! Não está esquecendo de nada?-O soldado sinalizou o inimigo rendido.

- O que foi?

- Deveríamos elimina-lo.

- Mas ele se rendeu!

- Se rendeu hoje,amanhã será novamente um inimigo.Anton cuidaria dele permanentemente.

Hugo relutantemente pegou o arcabuz de um soldado e apontou para o inimigo.

- Monsieur, s'il vous plaît, j'ai de la famille

- Si possible,pardonnez-moi

- Vous ne semblez pas être comme eux.Vous n'êtes pas un tueur

Hugo estava em conflito,ele não queria matar um inimigo desarmado,mas ele sabia que era exatamente o que Anton e Alícia fariam.

- Maldição!Vá embora!Suma da minha frente!

- Merci,monsieur! Merci!-Um semblante de esperança e alegria tomou a face do inimigo,que logo saiu correndo.

Enquanto Hugo voltava para seu cavalo,os soldados o olhavam repreensivamente.

Jean Dubois
Dubois e seus homens haviam ficado de prontidão na ferraria,ele sabia que Anton os mandaria para algum dos pontos.Quando o mensageiro surgiu no meio da noite,ele simplesmente perguntou:

- Para onde?

- Vamos para a igreja!

- Ah,droga! A igreja não! Aquele lugar me dá arrepios.

Em pouco tempo,os soldados de Dubois haviam chegando ao ponto.Era uma antiga igreja abondada,um cenário fantasmagorico,principalmente a noite.Ficava próxima ao rio,então era um esconderijo perfeito.

- Vamos entrar! Quero acabar logo com isso

A situação na igreja não foi diferente do que a do armazem,haviam homens colocando corpos na carroça e soldados guardando a igreja.

Os soldados Torre fizeram as sombras de aliadas,andando silenciosamente,se posicionando ao redor do inimigo,esperando o momento certo,como um predator espera para saltar sobre sua presa.
O inimigo não teve como reagir,os soldados atiraram todos de uma vez e após isso foram com suas espadas ao encontro dos sobreviventes.A luta foi sangrenta,mas não houveram baixas:resultado perfeito.

- Queimem a maldita carroça e vamos de encontro à Anton.Não quero ficar nesse lugar mais que o necessário.

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Leonardodavinci


- E agora? O que é prioritário, achar Anton ou seguir os sinais do mapa?

Leonardo olhou a sua volta, as pessoas estarrificadas com aquele desastre se aproximavam aos montes, curiosas. Algumas praguejavam, era um caminho útil para a maioria na região e agora teriam que carregar o fardo da inconveniência de ter que trafegar ao sul para atravessar o Suzon. Elas não tinham ideia do que estava acontecendo naquela noite e muito dificilmente sequer saberiam a verdade, mas os boatos corriam, ataques e incêndios sucessivos ao longo da cidade, Dijon acordava aos poucos.

- Dubois ficou encarregado de encontrar, Anton, se conseguiu ou não, não há como sabermos. Anton pode cuidar de si mesmo, ele é bom nisso. Precisamos encontrar LeMahieu, antes que Hettinger o alcance.


Leonardo montou seu cavalo, algumas das pessoas em volta começaram a desconfiar do grupo peculiar que se afastava rapidamente do estranho acontecimento enquanto a maioria se distanciava. No entanto, eles montaram e fugiram antes que qualquer conexão fosse feita, se tornariam apenas parte dos rumores no dia seguinte.

O grupo mais uma vez cortou as ruas de Dijón, desta vez, para salvar uma única pessoa.

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Leonardodavinci



Jean LeMahieu

Jean LeMahieu fazia suas preces em sua cela. Os cabelos castanhos, molhados de suor, grudavam-se as faces dele, num signo do nervosismo que sentia. Aprendera a lutar tal como os monges, em suas preces contínuas, pedia ao divino que lhe desse forças.

O retiro espiritual lhe fizera ficar diferente, a convivência com os homens da fé afastara dele o cinismo e lhe concedera momentos breves de esperança. Era verdade também, que além da melhoria espiritual, o retiro havia lhe concedido um bom esconderijo para o desenrolar de suas operações. Sua alma talvez se questionasse quanto a moral de suas ações, num local de paz, armar-se para a guerra, mas ele mantinha a sua lista de justificativas sempre frescas em sua mente.

Rezava, não porque sentia a Jah, mas porque sentia que era seu dever. Aprendera que a melhor forma de disfarce era de fato se tornar a figura que se deseja usar para ludibriar as pessoas. Se ele quisesse se passar por monge ou por um fiel em retiro, então teria que ser um, pelo menos até o momento que Hettinger o encontrasse.

Aquele momento havia chegado.

-Irmão LeMahieu! Irmão LeMahieu
- ouviu-se uma voz esganiçada gritar atrás da porta de madeira.

Jean enxugou as faces, levantou-se, os olhos obstinados fitavam a cruz. O hábito esvoaçou quando ele se lançou a porta e a abriu. Atrás dela, um noviço, franzino e muito pálido, nervosamente olhando para os lados.

- Eles estão aqui, estão cercando o edificio.

- Onde estão? Os outros já foram avisados?
- indagou LeMahieu

- Há alguns no scriptorium do abade agora, muitos outros espalhados. Seus amigos estão sendo avisados nesse momento.

- Vá e esconda-se, irmão Gael. A hora escura já está sobre nós. - sentenciou Jean. As palavras supersticiosas realizavam um efeito peculiar sobre os noviços e garantiam sua obediência. Uma das coisas que aprendera.

LeMahieu retornou ao interior da cela, tomou de baixo de seu colchão uma adaga e uma espada e se retirou. Caminhando nos corredores de pedra, com as sandálias humildes batendo sobre o piso, a espada em mãos. Ele já não era mais um monge, mas um soldado. Alguns outros se juntaram a ele, homens que haviam passado os últimos meses escondidos ali, alguns nervosos, outros ansiosos pelo conflito.

Percorrendo os corredores, logo estavam próximos ao scriptorium. Puderam ver alguns homens de Hettinger, do lado de fora. Um grande tumulto ocorria dentro da sala, os soldados exigiam a cooperação do abade, que resignava-se cada vez mais. LeMahieu e seus homens se engajaram em combate, gritando e tomando de assalto os inimigos, iniciaram uma luta feroz no pequeno pórtico. O espaço muito curto para usar apropriadamente as espadas, tornou a luta numa troca de socos, pontapés e facadas. A vantagem estava do lado dos homens de Hettinger, melhor equipados, mas o ataque surpresa garantiu a vitória aos homens de LeMahieu.

O grupo de LeMahieu continuou sua busca pelos homens de Hettinger, alguns arqueiros se reuniram a eles. Na conexão entre dois edificios, encontraram do outro lado da passarela um grupo de espadachins. Os inimigos estavam confusos, apesar de estarem alerta ao disfarce, haviam recebido ordens para não ferir os monges.

- Fiquem parados! - ordenaram e ergueram as bestas.

Jean recuou, seus homens dispararam suas próprias flechas. A dúvida sumiu do inimigo.

- Nós os encontramos! Chame o capitão
!
- gritou um dos besteiros disparando.

- Ao inferno com Hettinger! - berrou LeMahieu, enquanto fugiam pelos corredores.

Eles estavam cercados, em menor número, parcamente equipados. Não tinham como sustentar um combate, diretamente, precisavam escapar. No entanto, precisavam correr para assegurar que todos os documentos que haviam recolhido ao longo dos meses estivesse em segurança, os papéis eram mais importantes que as vidas deles. Jean tentava afastar de seus pensamentos, mas a cada segundo imaginava que só um milagre os salvaria.

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Leonardodavinci


Em torno do monastério onde Jean LeMahieu agora lutava pela vida, os soldados de Hettinger mantinham uma espécie de cerco, buscando barrar qualquer tentativa de intervenção ou de fuga. Quando Leonardo observou aquela cena a distância soube que estavam atrasados, mas se aqueles homens ainda estavam por ali, significava que não era tarde demais.

Apesar de ainda haver tempo, a situação era impossível. Não tinham homens suficientes para vencer os solados de Hettinger do lado de fora, muito menos para continuar e entrar no edifício. Corriam o risco de, tentando passar desapercebidos, se vissem cercados na tentativa de fuga. Leonardo sentiu um terrível peso no peito, como se não fosse hábil suficiente para lidar com aquela tarefa, provavelmente, Anton saberia o que fazer.

O italiano passou os olhos aos homens em sua volta. Estavam cansados, sujos e desmoralizados pela explosão da ponte e ainda não se sentiam entusiasmados para seguir as ordens de um rapaz com a metade da idade deles. A pequena bolsa que possuía os truques que ele usara contra os homens de Hettinger na estalagem havia caído no rio.

Por fim, Leonardo concluiu que a abordagem indireta era a melhor, não podia forçar os homens diretamente em um combate suicida. Discutiu qual poderia ser a melhor forma de distrair os soldados inimigos. A brecha que precisavam era para Um dos elementos do grupo, que era um arqueiro habilidoso, armou-se com um arco e ficou o mais próximo que podia do inimigo. O restante desmontou e circundou a igreja, ficando a espreita em um dos pontos. Logo as flechas começaram a ser lançadas contra o inimigo e como já haviam sido alertados de uma possível intervenção, a distração surtiu resultado, na tentativa de repelir rapidamente o ataque que sofriam deslocaram a atenção dos homens para lá e antes que percebessem o engodo, o grupo já havia atravessado uma das janelas e entrado no edifício.

Precisavam agora encontrar LeMahieu dentro daquele labirinto, cheio de inimigos.

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Leonardodavinci


Jean LeMahieu

Jean e seu grupo corriam pelos corredores do monastério com os soldados de Hettinger em seu encalço. Ele precisava encontrar alguma forma de salvar os documentos e para isso, precisava chegar a biblioteca. Grande parte de seu registro acerca das ações de Hettinger estavam naqueles manuscritos. Ele tinha contatos por toda a França, mas eram todos detentores de pequenos fragmentos dos acontecimentos, seria gigantesco o trabalho para reunir toda aquela informação novamente.

LeMahieu estava e sempre esteve seguro que a informação era a maior arma que podia usar contra Hettinger. Andava sempre próximo ao clero, que ainda detinha um grande número de letrados, diferente da maioria da população. Estabelecia contato com diversos mosteiros e igreja, que lhe forneciam registros dos burgos que precisava vigiar. Formaram uma rede de inteligência rudimentar, mas que permitia um bom panorama acerca da situação global de sua luta.

A cidade de Dijón para LeMahieu sempre fora o melhor reduto possível. Jamais alguém o havia ameaçado naquele lugar. Quando recebeu a estranha visita alguns dias antes, ele soube que todo seu trabalho estava em risco. A mão de Hettinger chegara em Dijón. No entanto, Jean conhecia seu inimigo e tomou precauções. Precisava salvar seu legado.

Jean chegou a biblioteca do monastério. Seus homens selaram a porta e jogando as costas contra ela, se preparam para o impacto. Logo os soldados de Hettinger os alcançaram, se deparando com uma porta fechada, começaram a empregar os mais diversos métodos para romper a barreira. Enquanto a porta ainda aguentava, LeMahieu percorria as estantes, apreensivo, pegou diversos livros e documentos e os colocou numa bolsa.

- Irmão, estamos acabados. Eles vão conseguir invadir a biblioteca, vão nos matar! - o noviço, chamado Gael, falava estridente.


- Tenha calma, irmão Gael. Nem tudo está perdido. Nossa chance de vitória está aqui nesta bolsa. É nisso que devemos confiar.


O noviço, descrente, continuou a murmurar rezas, desesperado e atordoado. LeMahieu no entanto tentava afastar o medo de seus pensamentos, agarrava sua bolsa como se fosse sua própria vida. Ele observou os irmãos que lutavam para manter a sala trancada, para manter os inimigos do lado de fora. As portas estremeciam a cada golpe do outro lado, a ponto de partir-se. Os irmãos eram lançados pra frente a cada impacto.

A tranca da porta não era robusta o suficiente para aguentar tamanha violência, estivessem aqueles nobres homens defendendo os portões de um castelo, era certeza que teriam segurado até mil homens, mas protegidos apenas por uma fina placa de madeira, a situação era impossível.

- Irmão Gael, ajudai-me. - chamou Jean e o noviço, apesar do desespero, criado sob a obediência estrita, prontamente se apresentou. - Empurra isto comigo.

Os dois empurraram uma das estantes da biblioteca, surpreendentemente pesada pela imensa quantidade de livros que continha. Apesar disso, após ser empurrada até um determinado ponto crítico, o próprio peso da estante foi o que a trouxe abaixo. Ela tombou derrubando duas ou três em seguida. Centenas de manuscritos se espalharam pelo chão. Isso atrasaria em horas a procura por qualquer documento ali.

Conseguiram derrubar ainda mais algumas estantes, antes que LeMahieu escutasse um som aterrorizador para qualquer um que defende uma fortificação: O som de madeira se partindo.

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Raquel_


O interior do monastério era um labirinto para aqueles que não estavam habituados àqueles corredores estreitos. A fraca iluminação, era um agravante a mais. O grupo liderado por Leonardo e Raquel se guiava pela intensa balbúrdia provocada pelos passos e vozes dos soldados que se dirigiam para a biblioteca. Eles desembainharam as armas, espreitaram pelos corredores com cuidado para não serem avistados por nenhum soldado r e t a r d a t á r i o ou que estivesse vasculhando o prédio. Subiram as escadas com vigia redobrada, e se posicionaram no ponto onde o corredor fazia uma curva, eles colaram as costas na parede, o inimigo estava ali, bastava virar a esquina. Eles observaram de esguelha os inimigos ao final do corredor, diante da biblioteca.


Leonardo não se conteve e num tom baixo proferiu palavrões em italiano quando avistou os soldados de Hettinger terminando de destruírem a entrada. Os homens gritavam em uníssono palavras de ordem com intuito de incentivo, e a cada grito uniforme, o barulho da madeira se partindo aumentava. Leonardo aguardou a queda da barreira para agir. Quando a porta se partiu ao meio, acenou para os que o seguiam, e avançaram para atacar os soldados de Hettinger.


A linha de combate se formou na entrada da biblioteca, e, durante um período, o grupo de Raquel e Leonardo neutralizou a força combatente dos aliados de Hettinger, forçando-os a recuarem para o único lugar que dava passagem: a biblioteca. Travou-se uma luta ágil e quase nivelada, se não fosse por uma pequena desvantagem em número no grupo dos Torre. Raquel tentou abrir passagem no combate para encontrar LeMahieu no recinto, o que deixaria o grupo em um pouco mais desigual. Os homens de Hettinger, estavam melhor equipados, o que os favorecia e tornava-os combatentes ainda mais estáveis. Aos poucos, o cansaço de toda aquela noite, começava a cobrar seu preço de forma implacável.
Sir_anton


Anton e seus homens chegaram ao monásterio após se reagruparem.O portão principal estava parcialmente destruído,de algum modo,Anton já sabia que aquilo só podia ser obra de Hettinger.

Vocês dois,esperem nos fundos!-Ele passava comandos aos soldados - Hugo,você e mais dois arcabusiers ficam aqui.Ninguém sai dessa igreja,entendeu?

Anton,Alíca,Dubois e o restante dos soldados entraram no monastério.Era noite,a iluminação era fraca,caminhar pelos apertados corredores do monastério no escuro,em meio aos sinais de invasão e gritos de homens como se tentassem destruir algo,era como caminhar por um pesadelo.

Os sons de algum objeto batendo contra a madeira acompanhado por um coral de vozes gritando únidas foram o guia de Anton,seguindo instintivamente por aquele labirinto,ao ouvir um estrondoso som de madeira quebrando,Anton sentiu que restava pouco tempo,e começou a correr.

Quando alcançou a biblioteca,haviam sons de lâminas se chocando,mas não havia uma batalha ali,o que havia era um abate.Os soldados de Hettinger estavam acabando sem dificuldades com o grupo de soldados Torre e monges.

- Matem esses malditos!Eu vou pegar o LeMahieu!
Anton sabia que mesmo com seus reforços,a vitória era improvavél,o máximo que os soldados poderiam fazer,era ganhar tempo para que ele retira-se LeMahieu do monastério.

Se aproveitando da confusão e da escuridão para sair,Anton seguir pelas estantes derrubadas,acreditando que aquilo havia sido por LeMahieu em uma tentativa desesperada de atrasar sua morte.

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