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[RP] As muralhas de Chaves

Beatrix_algrave





A muralha se erguia imponente, indicando que a cidade de Chaves não estava desprotegida. Em meio aos seguimentos de pedra que formavam as fortes paredes da muralha, se erigiam torres, onde os milicianos poderiam fazer a vigilância. Contudo, a muralha não estava completa, e a obra aos poucos ia se desenvolvendo graças ao trabalho dos pedreiros e também dos carpinteiros que faziam os andaimes. Os alvanéis esculpiam as pedras com que a muralha se constituía.

A Comissária do Comercio do Porto estava em visita à cidade. Apesar de não estar ali pelo dever do seu cargo, esse acabou trazendo sobre si a responsabilidade de acompanhar o prefeito Nicollielo em uma inspeção da obra. Ao ver os silhares dispostos ela por um momento lembrou do seu tempo de IOM, quando era responsável pelas minas em Coimbra. Instintivamente ela levou a mão a cabeça, como se lembrasse do capacete que ela usava na época, para proteger-lhe de acidentes. Uma invenção engenhosa, que era um tipo de elmo adaptado.

Mas ali ela estava segura, a distância certamente evitaria acidentes. De forma tranquila ela retomou a conversação.

- Meus parabéns, soube que foi nomeado membro do conselho diocesano. É mais responsabilidade além das que já possui. E como vão os registos portugueses?

O último comentário se deu por Nicollielo ser também o Secretário Português para o Registo Romano dos Sacramentos, que era uma função muito trabalhosa. Ela disse e acompanhou amavelmente o clérigo.

Ela em silêncio, aguardou que o senhor Nicollielo respondesse suas perguntas enquanto caminhavam.

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Nicollielo
O Diácono tinha muito orgulho daquelas muralhas, era como se fosse um filho, algo que ele havia criado e que gostava de mostrar com honra, ainda mais a uma das responsáveis por aprovar o projeto da obra por parte do condado.

Nicollielo e Beatrix foram até uma distância que dava pra ver muito bem a obra e não traria risco a ninguém e também pudesse conversar sem ter que pedir para a Dama ficar repetindo tudo. Após a Baronesa parabenizar Nicollielo pela nova função, ele começa contar sobre como obteve o cargo, falava mansamente como se tivesse o dia todo para conversar:


- O Nreis voltou a Chaves como Arcebispo, creio que ja saiba. Ele é um grande companheiro por aqui, mesmo sendo mais novo que eu, tem muito mais tempo de estudos e estou tentando absorver tudo que ele tem a me ensinar. Assim que ele foi elevado, me nomeou Senescal Diocesano, pelo visto, terei de ir a Braga mais vezes. Agora que mudaram o local onde fica armazenado os registos, eu e o Nreis tivemos de fazer toda mudança dos registos, ainda bem que ele é bem animado, mas ja terminamos tudo, basta que eu mantenha organizado agora.
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Senescal Diocesano da Arquidiocese de Braga | Alcaide-mor de Chaves | Diácono de Chaves |Secretário Lusófono dos Registos Romanos | Capelão da Capela de São Karel | Assistente de Planeamento de Chaves | Mentor-chefe de Chaves
Beatrix_algrave


Beatrix ouvia com atenção as palavras do novo Senescal Diocesano, enquanto caminhavam próximo das muralhas. Ele parecia bastante empolgado em mostrar a obra e não revelava pressa alguma. Talvez por educação, ou talvez porque realmente estivesse apreciando expor a construção pela qual demonstrava orgulho e satisfação.

- Sim, eu sei, tenho me comunicado com o Monsenhor Nreis desde que ele retornou do retiro para tratamento de saúde. Na verdade a volta dele foi um choque para mim. Tive notícias péssimas e o considerava mesmo morto. Confesso que fiquei muito feliz e aliviada em saber que ele estava vivo e bem. Seria uma perda enorme não só para a igreja. Ele sempre trabalhou muito e é alguém realmente ativo. Foi meu professor no Seminário de Viana do Castelo quando ele era reitor, depois continuei meus estudo lá, e hoje sou a reitora. Também foi meu Tradutor Chefe no Frigidarium, quando comecei a trabalhar lá. Hoje eu desempenho esse trabalho. Tê-lo de volta é muito bom para a Igreja, ainda mais nesse momento. Como dizem os portugueses, ele é "uma mais valia".

Ainda que nascida e criada em Portugal, Beatrix se pegava falando assim, por culpa do irmão, que enquanto esteve com ela, a criou de forma diferente, criou-a à maneira dos Algrave. Ela sorriu ao notar esse hábito que aflorava de vez em quando, pois pensou no irmão querido, que sempre vinha visitar-lhe nos últimos tempos. Especialmente preocupado com ela depois dos graves ferimentos que ela sofreu que a deixaram à beira da morte. Ele parecia sempre temer o pior e se preocupava com a sua segurança. Ainda sorrindo com as lembranças do irmão, ela comentou.

- Também tenho novidades, fui convidada pelo Monsenhor para ser Condestável Diocesana. Fiquei um pouco receosa do convite. Primeiro porque apesar dos meus estudos em teologia, eu sou uma fiel não ordenada, apenas uma diaconisa na verdade, e minha área de estudo ultimamente tem sido a medicina. Depois eu estou me distanciando da vida militar há algum tempo. Meus antigos ferimentos de combate ainda me perturbam e não sou mais uma adolescente. Sou agora uma senhora e sou mãe de um belo rapazinho. Mas creio que o que conta aqui e agora seria a minha experiência e não minha força física. Por isso, creio que devo aceitar.

Beatrix sorriu, ciente que sua aparência não demonstrava de fato força física. Mesmo exalando vivacidade e mantendo os mesmos olhos vivos e curiosos de sempre, a baronesa não era uma figura que alguém chamaria de forte à maneira tradicional, pois além de não ser alta, até mesmo seus gestos eram delicados. Chegava a ser curioso que alguém como ela fosse também militar e por tanto tempo. Não à toa seu trabalho mais conhecido era na heráldica. Isso certamente parecia combinar mais com alguém do seu feitio. No entanto, a espada estava sempre ali, à cintura. Mesmo quando ela vestia belos vestidos, nunca estava desarmada. A lâmina permanecia oculta. Era uma promessa que ela fizera ao irmão. Suas palavras soavam calmas e sinceras, ela conversava com o senhor Nicollielo como se os dois fossem velhos amigos. Se sentia a vontade com o clérigo bem mais velho que ela, cujos cabelos brancos lhe lembravam vagamente uma figura que ela perdera recentemente, alguém que ela considerava praticamente um segundo pai, o seu querido amigo prior.


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Nicollielo
Eles iam caminhando lentamente da obra até a muralhas que já estavam prontas, e conversando.

- Eu nunca tinha conhecido Dom Nreis, apenas ouvi muito sobre. Fiquei sabendo de sua "morte" - diz Nicollielo em tom diferente demonstrando mentira - Achei que jamais iria conhece-lo, ainda bem que foi apenas um engano - Suspira com alívio.

Por ser Diácono de Chaves, Nicollielo havia ouvido e lido muito sobre o atual Arcebispo Nreis que uma vez foi Diácono da Paróquia de Chaves como Nicollielo.

Após Beatrix contar que havia sido convidada para ser Condestável Diocesana, Nicollielo para de andar por um momento e olha para Beatrix como se estivesse assustado, não por achar a Dama incapaz, mas apenas por não imaginar que Beatrix assumiria aquele cargo, mas logo ele volta a andar e ouvir atentamente.


- Bom, que bom - Nicollielo quase gagueja enquanto processava a noticia ainda - Estive com o Nreis estes dias, confio muito nas decisões dele, na verdade ele deve ter se confundido ao me nomear Senescal - Nicollielo sorri - Mas acredito realmente que seja uma boa escolha te nomear Condestável. Tens um grande conhecimento militar e religioso, meu pai te diria que é unir o útil ao agradável, deves aceitar mesmo!

A cebeça de Nicollielo se ocupa com pensamento a respeito de seu falecido pai, ele fica imaginando o que seu pai diria de seus cargos atuais, porém logo ele tenta voltar o assunto com a Baronesa.

- Me disseram que na conversa a respeito da obra das muralhas, alguns conselheiros apenas queriam que fosse construídas no Porto, outros queriam e fosse em Chaves também por ser fronteira, mas enfim preferiram construir nas três povoações. Fiquei imaginando que um dia iriam parar a construção em Braga, seria uma pena, mas me preocupa ainda mais a segurança de Catedral em Braga agora.

Já que Beatrix seria a nova Condestável, Nicollielo acha que seria bom dar sinal a Dama para que incentivasse os demais conselheiros a continuar a muralha em Braga.
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Ela disse em tom baixo para Nicollielo.

- Sim, um engano, felizmente. Mas sei que houve murmúrios de pessoas que questionaram isso. Pura tolice. Eu tenho certeza absoluta que o Arcebispo é quem afirma ser. Nenhum impostor trabalha tanto ou é tão exigente em suas tarefas.

Ela comentou e sorriu. Certamente como Secretário dos Registos, o senhor Nicollielo já devia saber como Dom Nreis trabalhava. Então, ela voltou ao tom normal da conversa. Ela notou o tom de espanto do diácono de Chaves. Ela levou divertidamente a mão ao cabo da espada.

- Com certeza ele não se confundiu em nenhuma das indicações. E sobre mim, parece espantado? Oh! Não queira me ter em um duelo, nem me ver em um. Das vezes que cai em batalha, estava desarmada ou em menor número e mesmo assim, não caí tão fácil. Continuo os meus treinamentos, ainda que com mais serenidade. Mas como disse, creio que querem planejamento, não minhas capacidades de luta direta. Se precisarem no entanto, posso oferecer ambos.

A baronesa sorriu novamente. Fitz não ia gostar nada dessa história de duelos. Mas certamente era importante ela saber se cuidar. Tanto as lembranças dos Casterwill, quanto de Apolinário Celestino e do assassinato da Rainha Marih ainda a perseguiam. Ela comentou de algo mais ameno. Voltou a atenção para a questão das muralhas.

- Sim, sim. É verdade. Eu lembro bem disso, pois fui uma das conselheiras que votou a favor de que todas as cidades recebessem as muralhas. O Porto tem perfeitamente condições de atender a isso. E que eu me lembre a votação foi quase unânime. Só posso lhe garantir que enquanto for conselheira continuarei defendendo que as obras avancem. E sobre a segurança da Catedral é algo que temos que pensar em conjunto, enquanto Conselho Diocesano e se possível com parcerias temporais. Andei trocando algumas ideias com o Barão do Castelo Novo à respeito.

Ela não sabia exatamente como introduzir o assunto que lhe levara a procurar o diácono Nicollielo, uma vez que o assunto se voltara exclusivamente para questões mais sérias e políticas. Então, ela mudou de assunto.

- Soube que o senhor visitou minha exposição no Paço, o que achou?


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Nicollielo
O Alcaide sorri ao ouvir Beatrix falar da possibilidade de haver um duelo entre os dois e se lembra do seu ultimo duelo na arena, onde aceitou o desafio achando que seria apenas por diversão, mas sua adversaria, Dama Raquel Torre, levou a sério de mais e não deixou nada fácil para o velho Diácono.

Nicollielo ia questionar sobre o Barão do Castelo Novo, mas logo tem a mente refrescada pelas palavras de Beatrix


- Soube que o senhor visitou minha exposição no Paço, o que achou?

- Ah, tinha me esquecido! Foi maravilhoso, meus parabéns! Eu nem sabia da existência daqueles quadros, então recebi o convite e fui obrigado a ir, não poderia deixar de apreciar uma belíssima obra de arte. Aquelas pinturas irão contar a historia por muito tempo e eu te agradeço em nome das nossas crianças.


Nicollielo diz entusiasmado, mas logo que termina se lembra do quadro do falecido Dalur semi nú, "Bom, apesar do conteúdo, os traços são excelentes" pensa o Diácono e ri de si mesmo provavelmente deixando Beatrix sem entender.
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- Fico feliz que tenha gostado. Confesso que na maioria das vezes estava pensando mais em uma distração, em um exercício do que na posteridade. Mas entendo, as vezes a memória é traidora. Queria guardar sim um pouco das lembranças, mas nem todos tiveram esse propósito. Alguns recebi por encomenda. Então, valia mais o desejo do retratado que o meu.

Ela comentou diante das palavras do diácono. Notou-lhe o sorriso mas não captou-lhe o motivo.

- Pensando por esse lado, talvez eu pinte mais reis. Quem sabe Dom Varos não me dá a honra? Mas eu gosto de variar um pouco os temas. Não pinto só a realeza. Aliás,
tocando nesse assunto, gostaria de lhe fazer um convite. Gostaria de posar para um quadro. O senhor é bastante pitoresco em seu traje de pároco.


Ela fez o pedido diretamente, sem muitos rodeios como era do seu feitio.


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Nicollielo
Quando Beatrix diz que pinta como forma de distração, Nicollielo imagina que as teclas de um órgão era como um pincel para a Donzela Tecelã, apesar de jamais se imaginar produzindo um quadro como os de Beatrix, o máximo de pintura que ele poderia fazer era alguns riscos que chamava de letras. Por outro lado, seus dedos eram muito hábeis para produzir sons no órgão e era assim que ele se distraia.

Quando Beatrix questiona Nicollielo sobre posar para um quadro, o Diácono imagina que a Baronesa estivesse apenas gracejando consigo, ele se via uma uma pessoa comum, um clerigo, e não imaginava o que tinha pitoresco em si.


- O que achas, eu sentado atrás de uma meses e uma estante repleta de livros no fundo? Assim quem olhar meu quadro vai pensar que sou inteligente e trabalhador - O sorriso de Nicollielo some rapidamente - É sério?
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Ela notou a reação de surpresa do clérigo e tratou de insistir mais um pouco. Posar não ia doer e certamente, não havia nada de mal em sua proposta para que ele a recusasse. No entanto, até mesmo essa reação era natural. Se ele aceitasse de pronto e se envaidecesse seria sinal de que ela escolheu mal o modelo. Que sua sensibilidade estava equivocada.

- Claro que é sério. Chamar de distração talvez seja minimizar um pouco as minhas motivações, dar um tom leve e frívolo. Mas às vezes não é simplesmente distração, é uma necessidade. Quando eu vejo algo que mereça ser retratado eu preciso fazê-lo. Eu tenho que ouvir a minha inspiração e atendê-la. Duvida? Pois já lhe mostro os rascunhos que fiz quando atravessei a ponte. Eu parei por uma hora para captar o momento em que o sol nascia e banhava o rio projetando sua luz sobre o rio e a ponte. Eu tinha que fixar esse momento. A entrega de Dom Nreis foi um pouco atrasada por isso, mas eu precisava fazê-lo. Ele também não precisa saber desse detalhe, logicamente.

Ela comentou pensativa e logo prosseguiu.

- Lamento discordar, mas a sua figura é sim pitoresca, justamente no que o senhor é, um clérigo. A ideia me sobreveio durante a coroação real. Foi ali que sua figura me pareceu pitoresca, com uma batina preta, simples e sem adereços.

O interessante seria justamente pintar Nicollielo enquanto ele ainda era um diácono, antes que anéis se assomassem aos seus dedos e que múltiplos adereços sacerdotais pousassem em seus ombros. Ele ainda seria uma figura que exalaria uma fé mais pura, sincera e desinteressada. Esse registro certamente valeria a pena fazer.


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Nicollielo
Nicollielo era um senhor muito pensativo, tinha uma espécie de filtro em seu cérebro que o fazia pensar muito antes de dizer algo. Enquanto Beatrix falava, ele tentava entender o motivo dela o querer pintar, porém ele realmente não consegue, mesmo assim sabia que Beatrix realmente estava falando sério e que devia ser um bom motivo,

- Eu aprecio quadros que contam uma história, acho um velho Diácono irrelevante, porém se tiver algum sentido para ti, eu não me importaria de ficar parado por um tempo, desde que não se importe se eu cair no sono, terás que me manter acordado..
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Ela devia estar apenas satisfeita de ter o seu modelo para o quadro, afinal, de um jeito ou de outro o velho clérigo aceitou. Mesmo assim, ela fez questão de explicar.

- Acho que o nosso conceito de história ou de relevância é diferente. Não são apenas reis e cardeais que fazem história. Velhos diáconos também a fazem e são muito importantes, mais do que o senhor imagina. Para manter-lhe acordado vou fazer um chá diferente. Algo que meu irmão me deu. Algo dos árabes.

Ela comentou e sorriu.

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Nicollielo
De fato o conceito de relevância para Nicollielo era um pouco diferente, ele sabia que pessoas simples poderiam ter relevância na historia, porém estas pessoas tiveram grandes feitos e o simples Diácono em sua cabeça, nunca tinha feito nada.

- Um chá diferente? Espero que seja bom! Quando pretende começar?

Pergunta Nicollielo, não com pressa mas apenas curioso.
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- Como aceitou meu convite, ficarei mais um dia na cidade. Gosto de pintar ao alvorecer ou ao final da tarde. Depende de quando for melhor para o senhor. Poderíamos começar ainda hoje se tiver disposição para que eu faça ao menos os primeiros esboços. Então, vou poder preparar para o senhor um pouco de qahwa para que não durma durante o meu trabalho. O local o senhor escolhe. Só preciso de um espaço para meus apetrechos de desenho e um tacho ardente para pôr uma chaleira com água.

Ela ficou se perguntando se o clérigo gostaria do "vinho árabe" que seu irmão lhe presenteou. Acreditava que ninguém ali havia provado ainda a bebida. Mas o efeito mais marcante era justamente afastar o sono e trazer mais disposição. William comentou-lhe que monges da Abissínia a usavam justamente para que o sono não atrapalhasse suas orações.

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Nicollielo
- Que ótimo! - Diz Nicollielo quando recebe a notícia que Beatrix iria ficar mais um dia na cidade - Bom, eu posso passar alguns serviços para meus auxiliares e o que eu tiver que fazer, dou um jeito de fazer nos outros dias, terei que passar na prefeitura para avisar antes, e também acho melhor o chá somente para amanhã, não quero ir dormir muito tarde hoje, assim podemos começar na alvorada amanhã.

Nicollielo imaginava que Beatrix ja sabia de algum lugar para o desenha-lo, ao saber que ele quem deveria escolher, fica pensativo


- Sabias que aprendi a tecer um pouco com minha mãe? Ela precisava de minha ajuda direto em sua oficina. Não sei se sabes também, mas abri uma tecelaria há um tempo, para me ajudar financeiramente, não quero usar o dinheiro da igreja, mesmo que seja para minhas viagens a Roma. Na verdade é uma parceria com uma amiga tecelã, eu quase não fico lá, mesmo assim o lugar possui meu nome por ser propriedade minha, é uma antiga casa, fica pra trás da igreja, na rua do poço. Pode ser um bom lugar, o que achas? Onde estão seus apetrechos? Tens alguém para te ajudar a leva-los enquanto aviso na prefeitura?
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Ela ouviu as palavras do clérigo sobre o local que ele desejava como cenário. O que prendeu sua atenção foi o fato do prédio ser antigo. Obviamente precisava ser uma sala com janelas onde houvesse boa luz para desenhar. A luz era algo muito importante em seus trabalhos.

- Preciso basicamente de uma mesa para pôr meus pastéis, meus bastões de carvão, meus papéis e o esfuminho. Além é claro das xícaras para o chá. Não se preocupe. Vim acompanhada de dois criados, além do cocheiros da carruagem e a minha escolta. Meus apetrechos estão na minha carruagem. Meus criados ficaram resolvendo algumas coisas no mercado mas vão me buscar daqui a pouco na igreja conforme solicitei. Vou pedir que arranjem quartos na hospedaria da cidade.

Ela ia conversando enquanto caminhavam de volta à Igreja, onde a carruagem já a esperava. Ao lado da carruagem estavam dois cavaleiros. Ao lado do cocheiro estava um dos criados citados pela baronesa. Provavelmente os outros dois deviam estar na carroça terminando as compras e vendas no mercado.

Emanuel:- Baronesa, já estamos aqui para buscá-la, mas o Almir e o Anastácio ainda estão no mercado. Tinha entendido que seria algo rápido por isso nos apressamos.

O criado disse aquilo pois provavelmente já estavam esperando há algum tempo por Beatrix. A caminhada até a muralha tinha demorado quase uma hora. E a expressão deles era de preocupação.

- O prefeito quis me mostrar as muralhas. Mas não partiremos mais hoje, Emanuel. Vou ficar mais um dia na cidade de Chaves. Providencie acomodações para todos nós por uma noite.

Ela disse se dirigindo ao mesmo criado que a havia interpelado.


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